quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Orixá Òsóòsi

Divindade da caça que vive nas florestas. Seus principais símbolos são o arco e flecha, chamado Ofá, e um rabo de boi chamado Eruexim. Em algumas lendas aparece como irmão de Ògún e de Èşù.
Ọ̀ṣọ́ọ̀si é o rei de Keto, filho de Òşàlà e Yemanjá, ou, nos mitos, filho de Apáòká (jaqueira). É o Orixá da caça; foi um caçador de elefantes, animal associado à realeza e aos antepassados. Diz um mito que Ọ̀ṣọ́ọ̀si encontrou Iansã na floresta, sob a forma de um grande elefante, que se transformou em mulher. Casa com ela tem muitos filhos que são abandonados e criados por Ọ̀ṣun.
Ọ̀ṣọ́ọ̀si vive na floresta, onde moram os espíritos e está relacionado com as árvores e os antepassados. As abelhas pertencem-lhe e representam os espíritos dos antepassados femininos. Relaciona-se com os animais, cujos gritos imitam a perfeição, e caçador valente e ágil, generoso, propicia a caça e protege contra o ataque das feras. Um solitário solteirão, depois que foi abandonado por Iansã e também porque na qualidade de caçador, tem que se afastar das mulheres, pois são nefastas à caça.
Está estreitamente ligado a Ògún, de quem recebeu suas armas de caçador. Ọ̀sónyìn apaixonou-se pela beleza de Ọ̀ṣọ́ọ̀si e prendeu-o na floresta. Ògún consegue penetrar na floresta, com suas armas de ferreiro e libertá-lo. Ele esta associado, ao frio, à noite, à lua; suas plantas são refrescantes.
Em algumas caracterizações, veste-se de azul-turquesa ou de azul e vermelho. Leva um elegante chapéu de abas largas enfeitados de penas de avestruz nas cores azul e branco. Leva dois chifres de touro na cintura, um arco, uma flecha de metal dourado. Sua dança sumula o gesto de atirar flechas para a direita e para a esquerda, o ritmo é "corrido" na qual ele imita o cavaleiro que persegue a caça, deslizando devagar, às vezes pula e gira sobre si mesmo. É uma das danças mais bonitas do Candomblé.
Orixá das matas, seu habitat é a mata fechada, rei da floresta e da caça, sendo caçador domina a fauna e a flora, gera progresso e riqueza ao homem, e a manutenção do sustento, garante a alimentação em abundância, o Orixá Ọ̀ṣọ́ọ̀si está associado ao Orixá Ọ̀sónyìn, que é a divindade das folhas medicinais e ervas usadas nos rituais de umbanda.
Irmão de Ògún, habitualmente associa-se à figura de um caçador, passando a seus filhos algumas das principais características necessárias a essa atividade ao ar livre: concentração, atenção, determinação para atingir os objetivos e uma boa dose de paciência.
Segundo as lendas, participou também de algumas lutas, mas não da mesma maneira marcante que Ògún.
No dia-a-dia, encontramos o deus da caça no almoço, no jantar, enfim em todas as refeições, pois é ele que provê o alimento. Rege a lavoura, a agricultura, permitindo bom plantio e boa colheita para todos.
Segundo Pierre Verger, o culto a Ọ̀ṣọ́ọ̀si é bastante difundido no Brasil, mas praticamente esquecido na África. A hipótese do pesquisador francês é que Ọ̀ṣọ́ọ̀si foi cultuado basicamente no Keto, onde chegou a receber o título de rei. Essa nação, porém foi praticamente destruída no século XIX pelas tropas do então rei do Daomé. Os filhos consagrados a Ọ̀ṣọ́ọ̀si foram vendidos como escravos no Brasil, Antilhas e Cuba. Já no Brasil, o Orixá tem grande prestígio e força popular, além de um grande número de filhos.
O mito do caçador explica sua rápida aceitação no Brasil, pois se identifica com diversos conceitos dos índios brasileiros sobre a mata ser região tipicamente povoada por espíritos de mortos, conceitos igualmente arraigados na Umbanda popular e nos Candomblés de Caboclo, um sincretismo entre os ritos africanos e os dos índios brasileiros, comuns no Norte do País.
Talvez seja por isso que, mesmo em cultos um pouco mais próximos dos ritos tradicionalistas africanos, alguns filhos de Ọ̀ṣọ́ọ̀si o identifiquem não com um negro, como manda a tradição, mas com um Índio.
Ọ̀ṣọ́ọ̀si é o que basta a si mesmo. A ele estiveram ligados alguns Orixás femininos, mas o maior destaque é para Ọ̀ṣun, com quem teria mantido um relacionamento instável, bem identificado no plano sexual, coisa importante tanto para a mãe da água doce como para o caçador, mas difícil no cotidiano, já que enquanto ela representa o luxo e a ostentação, ele é a austeridade e o despojamento.
Qualidades
  • YBUALAMO - É velho e caçador. Come nas águas mais profundas. Conta um mito que Ybualamo é o verdadeiro pai de Logun Edé. Apaixonado por Ọ̀ṣun e vendo-a no fundo do rio, ele atirou-se nas águas mais profundas em busca do seu amor.Sua vestimenta é azul celeste, como suas contas. Come com Omolu Azoani. Usa um capacete feito de palha da costa e um saiote de palha.
  • INLE - É o filho querido de Oxoguian e Yemonja. Veste-se de branco em homenagem a seu pai. Usa chapéu com plumas brancas e azuis claro. É tão amado que Oxoguian usa em suas contas um azul claro de seu filho. Come com seu pai e sua mãe (todos os bichos) e tem fundamento com Ogunjá.
  • DANA DANA - Tem fundamento com Èşù, Ọ̀sónyìn, Oxumará e Ọya. É ele o Òrixá que entra na mata da morte e sai sem temer Egun e a própria morte. Veste azul claro.
  • AKUERERAN - Tem fundamento com Òşùmàrè e Ọ̀sónyìn. Muitas de suas comidas são oferecidas cruas. Ele é o dono da fartura. Ele mora nas profundezas das matas. Veste-se de azul claro e tiras vermelhas. Suas contas são azul claro. Seus bichos são: pavão, papagaio e arara, tiram-se as penas e se solta o bicho.
  • OTYN - Guerreiro e muito parecido com seu irmão Ògún, vive na companhia dele, caçando e lutando. É muito manhoso e não tem caráter fácil. Muito valente este sempre pronto a sacar sua arma quando provocado. Não leva desaforos e castiga seus filhos quando desobedecido. Usa azul claro e o vermelho, conta azul, leva capangas, roupas de couro de leopardo e bode. Tem que se dar comida a Ògún.
  • MUTALAMBO - Tem fundamento com Èşù.
  • GONGOBILA - É um Oxóssi jovem. Tem fundamento com Òşàlà e Ọ̀ṣun.
  • KOIFÉ - Não se faz no Brasil e na África, pois, muitos de seus fundamentos estão extintos. Seus eleitos ficam um ano recolhidos, tomando todos os dias o banho das folhas. Veste vermelho, leva na mão uma espada e uma lança. Come com Ọ̀sónyìn e vive muito escondido dentro das matas, sozinho. Suas contas são azuis claras, usa capangas e braceletes. Usa um capacete que lhe cobre todo o rosto. Assenta-se Koifé e faz-se Ybo, Ynlé ou Ọ̀ṣun Karé; trinta dias após, faz-se toda a matança.
  • AROLÉ - Propicia a caça abundante. É invocado no Padé. É um dos mais belos tipos de Oxóssi. Um verdadeiro rei de Ketu. As pessoas dele são muito antipáticas. Jovem e romântico, gosta de namorar, vive mirando-se nas águas, apreciando sua beleza. Come com Ògún e Ọ̀ṣun. Veste azul claro, aprecia a carne de veado e é ágil na arte de caçar.
  • KARE - É ligado as águas e a Ọ̀ṣun, porém os dois não se dão bem, pois, exercem as mesmas forças e funções. Come com Ọ̀ṣun e Òşàlà. Usa azul e um Banté dourado. Gosta de pentear-se, de perfume e de acarajé. Bom caçador mora sempre perto das fontes.
  • WAWA - Vem da origem dos Òrixás caçadores. Veste-se de azul e branco, usa arco e flecha e os chifres do touro selvagem. Come com Òşàlà e Şàngó, pois, dizem que ele fez sua morada debaixo da gameleira. Está extinto, assenta-se ele e faz-se Airá ou Ọ̀ṣun Karé.
  • WALÈ - É velho e usa contas azuis escuro. É considerado como rei na África, pois, seu culto é ligado, diretamente, a pantera. É muito severo, austero, solteirão e não gosta das mulheres, pois, as acha chatas, falam demais, são vaidosas e fracas. Come com Èşù e Ògún.
  • OSEEWE ou YGBO - É o senhor da floresta, ligado as folhas e a Ọ̀sónyìn, com quem vive nas matas. Veste azul claro e usa capacete quase tapando o seu rosto.
  • OFÀ - Não é qualidade, significa, "o arco e a flecha do caçador, sendo de Oxóssi o seu principal apetrecho".
  • TÁFÀ-TÁFÀ - O caçador arqueiro, aquele que exímio atirador de flechas, é predicado que se diz de Òsóòsì.
  • ERINLÉ - É também um outro Oxóssi, que, a exemplo de Inlè, cujo culto também caiu no obscurantismo, acabando por tornar-se "qualidade de Oxóssi".
  • TOKUERÁN - O caçador é quem mata a caça, diz-se da actuação do caçador.
  • OTOKÁN SÓSÓ - Embora muitas vezes seja citado como uma qualidade, não é qualidade, é um oríkì que significa o caçador que só tem uma flecha . Ele não precisa de mais nenhuma flecha porque jamais erra o alvo. Título que Oxóssi recebeu ao matar o pássaro de Ìyámi Eléye. Não fazendo parte do rol dos caçadores que possuíam várias flechas, Oxóssi era aquele que só tinha uma flecha. Os demais erraram o alvo tantas vezes quantas flechas possuíam, mas, Oxóssi com apenas uma flecha foi o único que acertou o pássaro de Ìyámi, ferindo-o com um tiro certeiro no peito. Por essa razão é que ele não recebe mel, pois o mel é um dos elementos fabricado pelas abelhas, que são tidas como animais pertencentes a Ọ̀ṣun, mas, também às Ìyámi Eléye. Então, é èèwò (proibição) para Oxóssi. Por essa razão também, é que se dá para Oxóssi o peito inteiro das aves, como reminiscência desse ìtàn.

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