sábado, 15 de outubro de 2011

Tradução de Cantiga de Airá



Áyrà ójó mó péré sé


Á mó péré sé


Áyrà ójó mó péré sé


Á mó péré sé


Tradução

A chuva de Airá apenas limpa e faz barulho como um tambor

Ela apenas limpa e faz barulho como um tambor

A chuva de Airá apenas limpa e faz barulho como um tambor

Ela apenas limpa e faz barulho como um tambor




Aira ó lê lê, a ire ó lê lê 


A ire ó lê lê, a ire ó lê lê 



Airá está feliz, ele está sobre a casa.

Estamos felizes, ele está sobre a casa.



Aira ó, ore gédé pa


Ore gédé (àwa)


Aira ó, ore gédé pa


Ore gédé 


Aira ó, Adjaosi pa… Adjaosi


Aira ó, ebora pa… Ebora



Airá nos presenteie afastando os que podem nos matar

nos presenteie afastando os que podem nos matar

Airá nos presenteie afastando os que podem nos matar

nos presenteie afastando os que podem nos matar

Airá Adjaosi (tipo de Airá) pode matar, (nos presenteie)

Airá, Ebora pode matar, (nos presenteie )

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Iyamí Òṣóròngá

Iyami Òṣóròngá


Iyamí Òṣóròngá


Quando se pronuncia o nome de Iyami Oxorongá quem estiver sentado deve se levantar, quem estiver de pé fará uma reverência pois esse é um temível Orixá, a quem se deve respeito completo.

Pássaro africano, Oxorongá emite um som onomatopaico de onde provém seu nome. É o símbolo do Orixá Iyami, ai o vemos em suas mãos. Aos seus pés, a coruja dos augúrios e presságios. Iyami Oxorongá é a dona da barriga e não há quem resista aos seus ebós fatais, sobretudo quando ela executa o Ojiji, o feitiço mais terrível. Com Iyami todo cuidado é pouco, ela exige o máximo respeito. Iyami Oxorongá, bruxa é pássaro.

As ruas, os caminhos, as encruzilhadas pertencem a Esu. Nesses lugares se invoca a sua presença, fazem-se sacrifícios, arreiam-se oferendas e se lhe fazem pedidos para o bem e para o mal, sobretudo nas horas mais perigosas que são ao meio dia e à meia-noite, principalmente essa hora, porque a noite é governada pelo perigosíssimo odu Oyeku Meji.

À meia-noite ninguém deve estar na rua, principalmente em encruzilhada, mas se isso acontecer deve-se entrar em algum lugar e esperar passar os primeiros minutos. Também o vento (afefe) de que Oya ou Iansan é a dona, pode ser bom ou mau, através dele se enviam as coisas boas e ruins, sobretudo o vento ruim, que provoca a doença que o povo chama de "ar do vento".

Ofurufu, o firmamento, o ar também desempenha o seu papel importante, sobretudo á noite, quando todo seu espaço pertence a Eleiye, que são as Ajé, transformadas em pássaros do mal, como Agbibgó, Elùlú, Atioro, Osoronga, dentre outros, nos quais se transforma a Ajé-mãe, mais conhecida por Iyami Osoronga. Trazidas ao mundo pelo odu Osa Meji, as Ajé, juntamente com o odu Oyeku Meji, formam o grande perigo da noite. Eleiye voa espalmada de um lado para o outro da cidade, emitindo um eco que rasga o silêncio da noite e enche de pavor os que a ouvem ou vêem.

Todas as precauções são tomadas. Se não se sabe como aplacar sua fúria ou conduzí-la dentro do que se quer, a única coisa a se fazer é afugentá-la ou esconjurá-la, ao ouvir o seu eco, dizendo Oya obe l’ori (que a faca de Iansã corte seu pescoço), ou então Fo, fo, fo (voe, voe, voe).

Em caso contrário, tem-se que agradá-la, porque sua fúria é fatal. Se é num momento em que se está voando, totalmente espalmada, ou após o seu eco aterrorizador, dizemos respeitosamente A fo fagun wo’lu ( [saúdo] a que voa espalmada dentro da cidade), ou se após gritar resolver pousar em qualquer ponto alto ou numa de suas árvores prediletas, dizemos, para agradá-la Atioro bale sege sege ([saúdo] Atioro que pousa elegantemente) e assim uma série de procedimentos diante de um dos donos do firmamento à noite.

Mesmo agradando-a não se pode descuidar, porque ela é fatal, mesmo em se lhe felicitando temos que nos precaver. Se nos referimos a ela ou falamos em seu nome durante o dia, até antes do sol se pôr, fazemos um X no chão, com o dedo indicador, atitude tomada diante de tudo que representa perigo. Se durante à noite corremos a mão espalmada, à altura da cabeça, de um lado para o outro, afim de evitar que ela pouse, o que significará a morte. Enfim, há uma infinidade de maneiras de proceder em tais circunstâncias.


Fonte: As Senhoras do Pássaro da Noite 

Iyami Oshorongá é o termo que designa as terríveis ajés, feiticeiras africanas, uma vez que ninguém as conhece por seus nomes. As Iyami representam o aspecto sombrio das coisas: a inveja, o ciúme, o poder pelo poder, a ambição, a fome, o caos o descontrole. No entanto, elas são capazes de realizar grandes feitos quando devidamente agradadas. Pode-se usar os ciúmes e a ambição das Iyami em favor próprio, embora não seja recomendável lidar com elas.

O poder de Iyami é atribuído às mulheres velhas, mas pensa-se que, em certos casos, ele pode pertencer igualmente a moças muito jovens, que o recebem como herança de sua mãe ou uma de suas avós.

Uma mulher de qualquer idade poderia também adquiri-lo, voluntariamente ou sem que o saiba, depois de um trabalho feito por alguma Iyami empenhada em fazer proselitismo.

Existem também feiticeiros entre os homens, os oxô, porém seriam infinitamente menos virulentos e cruéis que as ajé (feiticeiras).

Ao que se diz, ambos são capazes de matar, mas os primeiros jamais atacam membros de sua família, enquanto as segundas não hesitam em matar seus próprios filhos. As Iyami são tenazes, vingativas e atacam em segredo. Dizer seu nome em voz alta é perigoso, pois elas ouvem e se aproximam pra ver quem fala delas, trazendo sua influência.

Iyami é freqüentemente denominada eleyé, dona do pássaro. O pássaro é o poder da feiticeira; é recebendo-o que ela se torna ajé. É ao mesmo tempo o espírito e o pássaro que vão fazer os trabalhos maléficos.

Durante as expedições do pássaro, o corpo da feiticeira permanece em casa, inerte na cama até o momento do retorno da ave. Para combater uma ajé, bastaria, ao que se diz, esfregar pimenta vermelha no corpo deitado e indefeso. Quando o espírito voltasse não poderia mais ocupar o corpo maculado por seu interdito.

Iyami possui uma cabaça e um pássaro. A coruja é um de seus pássaros. É este pássaro quem leva os feitiços até seus destinos. Ele é pássaro bonito e elegante, pousa suavemente nos tetos das casas, e é silencioso.

"Se ela diz que é pra matar, eles matam, se ela diz pra levar os intestinos de alguém, levarão".
Ela envia pesadelos, fraqueza nos corpos, doenças, dor de barriga, levam embora os olhos e os pulmões das pessoas, dá dores de cabeça e febre, não deixa que as mulheres engravidem e não deixa as grávidas darem à luz.

As Iyami costumam se reunir e beber juntas o sangue de suas vítimas. Toda Iyami deve levar uma vítima ou o sangue de uma pessoa à reunião das feiticeiras. Mas elas têm seus protegidos, e uma Iyami não pode atacar os protegidos de outra Iyami.

Iyami Oshorongá está sempre encolerizada e sempre pronta a desencadear sua ira contra os seres humanos. Está sempre irritada, seja ou não maltratada, esteja em companhia numerosa ou solitária, quer se fale bem ou mal dela, ou até mesmo que não se fale, deixando-a assim num esquecimento desprovido de glória. Tudo é pretexto para que Iyami se sinta ofendida.

Iyami é muito astuciosa; para justificar sua cólera, ela institui proibições. Não as dá a conhecer voluntariamente, pois assim poderá alegar que os homens as transgridem e poderá punir com rigor, mesmo que as proibições não sejam violadas. Iyami fica ofendida se alguém leva uma vida muito virtuosa, se alguém é muito feliz nos negócios e junta uma fortuna honesta, se uma pessoa é por demais bela ou agradável, se goza de muito boa saúde, se tem muitos filhos, e se essa pessoa não pensa em acalmar os sentimentos de ciúme dela com oferendas em segredo. É preciso muito cuidado com elas. E só Orunmilá consegue acalmá-la.


terça-feira, 30 de agosto de 2011

Órixa Osum

Ọ̀ṣun, nome de um rio em Oṣogbô,região da Nigéria, em Ijeṣá. É ele considerado a morada mítica da Orixá. Apesar de ser comum a associação entre rios e Orixás femininos da mitologia africana, Ọ̀ṣun é destacada como a dona da água doce e, por extensão, de todos os rios. Portanto seu elemento é a água em discreto movimento nos rios, a água semiparada das lagoas não pantanosas, pois as predominantemente lodosas são destinadas à Nanã e, principalmente as cachoeiras são de Ọ̀ṣun, onde costumam ser-lhe entregues as comidas rituais votivas e presentes de seus filhos-de-santo.

Ọ̀ṣun domina os rios e as cachoeiras, imagens cristalinas de sua influência: atrás de uma superfície aparentemente calma podem existir fortes correntes e cavernas profundas.
Ọ̀ṣun é conhecida por sua delicadeza. As lendas adornam-na com ricas vestes e objetos de uso pessoal Orixá feminino, onde sua imagem é quase sempre associada a maternidade, sendo comum ser invocada com a expressão "Mamãe Ọ̀ṣun". Gosta de usar colares, jóias, tudo relacionado à vaidade, perfumes, etc.
Filha predileta de Òşàlà e Yèmọnja. Nos mitos, ela foi casada com Ọ̀ṣọ́ọ̀si, a quem engana, com Şàngó, com Ògún, de quem sofria maus tratos e Şàngó a salva.
Seduz Ọbalúwaìye, que fica perdidamente apaixonado, obtendo dele, assim, que afaste a peste do reino de Şàngó. Mas Ọ̀ṣun é considerada unanimente como uma das esposas de Şàngó e rival de Iansã e Òbá.
Segunda mulher de Şàngó, deusa do ouro (na África seu metal era o cobre), riqueza e do amor, foi rainha em Oyó, sendo a sua preferida pela jovialidade e beleza.
À Ọ̀ṣun pertence o ventre da mulher e ao mesmo tempo controla a fecundidade, por isso as crianças lhe pertencem. A maternidade é sua grande força, tanto que quando uma mulher tem dificuldade para engravidar, é à Ọ̀ṣun que se pede ajuda. Ọ̀ṣun é essencialmente o Orixá das mulheres, preside a menstruação, a gravidez e o parto. Desempenha importante função nos ritos de iniciação, que são a gestação e o nascimento. Orixá da maternidade, ama as crianças, protege a vida e tem funções de cura.
Ọ̀ṣun mostrou que a menstruação, em vez de constituir motivo de vergonha e de inferioridade nas mulheres, pelo contrário proclama a realidade do poder feminino, a possibilidade de gerar filhos.
Fecundidade e fertilidade são por extensão, abundância e fartura e num sentido mais amplo, a fertilidade irá atuar no campo das idéias, despertando a criatividade do ser humano, que possibilitará o seu desenvolvimento. Ọ̀ṣun é o orixá da riqueza - dona do ouro, fruto das entranhas da terra. É alegre, risonha, cheia de dengos, inteligente, mulher-menina que brinca de boneca, e mulher-sábia, generosa e compassiva, nunca se enfurecendo. Elegante, cheia de jóias, é a rainha que nada recusa, tudo dá. Tem o título de iyalodê entre os povos Yoruba: aquela que comanda as mulheres na cidade, arbitra litígios e é responsável pela boa ordem na feira.
Ọ̀ṣun tem a ela ligado o conceito de fertilidade, e é a ela que se dirigem as mulheres que querem engravidar, sendo sua a responsabilidade de zelar tanto pelos fetos em gestação até o momento do parto, onde Yèmọnja ampara a cabeça da criança e a entrega aos seus Pais e Mães de cabeça. Ọ̀ṣun continua ainda zelando pelas crianças recém-nascidas, até que estas aprendam a falar.
É o orixá do amor, Ọ̀ṣun é doçura sedutora. Todos querem obter seus favores, provar do seu mel, seu encanto e para tanto lhe agradam oferecendo perfumes e belos artefatos, tudo para satisfazer sua vaidade. Na mitologia dos orixás ela se apresenta com características específicas, que a tornam bastante popular nos cultos de origem negra e também nas manifestações artísticas sobre essa religiosidade. O orixá da beleza usa toda sua astúcia e charme extraordinário para conquistar os prazeres da vida e realizar proezas diversas. Amante da fortuna, do esplendor e do poder, Ọ̀ṣun não mede esforços para alcançar seus objetivos, ainda que através de atos extremos contra quem está em seu caminho. Ela lança mão de seu dom sedutor para satisfazer a ambição de ser a mais rica e a mais reverenciada. Seu maior desejo, no entanto é ser amada, o que a faz correr grandes riscos, assumindo tarefas difíceis pelo bem da coletividade. Em suas aventuras, este orixá é tanto uma brava guerreira, pronta para qualquer confronto, como a frágil e sensual ninfa amorosa. Determinação, malícia para ludibriar os inimigos, ternura para com seus queridos, Ọ̀ṣun é, sobretudo a deusa do amor.
O Orixá amante ataca as concorrentes, para que não roubem sua cena, pois ela deve ser a única capaz de centralizar as atenções. Na arte da sedução não pode haver ninguém superior a Ọ̀ṣun. No entanto ela se entrega por completo quando perdidamente apaixonada afinal o romantismo é outra marca sua. Da África tribal à sociedade urbana brasileira, a musa que dança nos terreiros de espelho em punho para refletir sua beleza estonteante é tão amada quanto à divina mãe que concede a valiosa fertilidade e se doa por seus filhos. Por todos seus atributos a belíssima Ọ̀ṣun não poderia ser menos admirada e amada, não por acaso a cor dela é o reluzente amarelo ouro, pois como cantou Caetano Veloso, "gente é pra brilhar, mas Ọ̀ṣun é o próprio brilho em orixá.
A face de Ọ̀ṣun é esperada ansiosamente por sua mãe, que para engravidar leva ebó (oferenda) ao rio. E tal desespero não é o de Yèmọnja ao ver sua filhinha sangrar logo após nascer. Para curá-la a mãe mobiliza Ògún, que recorre ao curandeiro Ọ̀sónyìn, afinal a primeira e tão querida filha de Yèmọnja não podia morrer. Filha mimada, Ọ̀ṣun é guardada por Ọrúnmilà, que a cria.
Nanã é a matriarca velha, ranzinza, avó que já teve o poder sobre a família e o perdeu, sentindo-se relegada a um segundo plano. Yèmọnja é a mulher adulta e madura, na sua plenitude. É a mãe das lendas - mas nelas, seus filhos são sempre adultos. Apesar de não ter a idade de Òşàlà (sendo a segunda esposa do Orixá da criação, e a primeira é a idosa Nanã), não é jovem. É a que tenta manter o clã unido, a que arbitra desavenças entre personalidades contrastantes, é a que chora, pois os filhos adultos já saem debaixo de sua asa e correm os mundos, afastando-se da unidade familiar básica.
Para Ọ̀ṣun, então, foi reservado o posto da jovem mãe, da mulher que ainda tem algo de adolescente, coquete, maliciosa, ao mesmo tempo em que é cheia de paixão e busca objetivamente o prazer. Sua responsabilidade em ser mãe se restringe às crianças e bebês.Começa antes, até, na própria fecundação, na gênese do novo ser, mas não no seu desenvolvimento como adulto. Ọ̀ṣun também tem como um de seus domínios, a atividade sexual e a sensualidade em si, sendo considerada pelas lendas uma das figuras físicas mais belas do panteão místico Yorubano.
Sua busca de prazer implica sexo e também ausência de conflitos abertos - é dos poucos Orixás Yorubas que absolutamente não gosta da guerra.
Tudo que sai da boca dos filhos da Ọ̀ṣun deve ser levado em conta, pois eles têm o poder da palavra, ensinando feitiços ou revelando presságios.
Desempenha importante papel no jogo de búzios, pois à ela quem formula as perguntas que Exú responde.



No Candomblé, quando Ọ̀ṣun dança traz na mão uma espada e um espelho, revelando-se em sua condição de guerreira da sedução. Ela se banha no rio, penteia seus cabelos, põe suas jóias e pulseiras, tudo isso num movimento lânguido e provocante.
Qualidades
  • Yèyé MORIN ou IBERIN (feminina e elegante)
  • Yèyé IPETU deve ser Ọya Petu.
  • Ọ̀ṣun POPOLÓKUM (que não desce sobre a cabeça de suas filhas)
  • Yèyé OLÓKÒ (vive nas florestas)
  • Yèyé Ipóndà A mãe de Logunedé, orixá menino que compartilha dos seus axés. Ambos dançam ao som do ritmo ijexá, toque que recebe o nome de sua região de origem. Usa um abebé nas mãos, uma alfange, por ser guerreira, e um ofá dourado, por sua ligação com Oxóssi. É a verdadeira Ọ̀ṣun Ijeṣa que veio de Ijesa ou de Ipondá. Vive no mato com o marido, veste-se de amarelo ouro. E desconfiada, astuta, observadora, intuitiva.
  • Yèyé Ònírá Caminha com Ọya Ònírá, com quem muitas vezes é confundida.
  • Yèyé Okè é, provavelmente, a mesma que Yèyé Loke, tipo muito guerreiro.
  • Yèyé OGA é uma òsun velha e rabugenta.
  • Yèyé KARÉ é um tipo de òsun mais velha, autoritária, guerreira e agressiva.
  • Ọ̀ṣun ABALÔ (Agba ilu) é uma velha òsun, a mais idosa de todas, e chefe das mulheres. Maternal, avó, amorosa é uma mulher que tem numerosos filhos e netos. Mas é bastante severa e autoritária. Usa azul claro. E abèbé
  • Ọ̀ṣun Òpàrà seria a mais jovem das Òsun, e um tipo guerreira que acompanha Ògún (ou Sàngó) vivendo com ele pelas estradas; dança com ele quando se manifestam, juntos numa festa, leva uma espada na mão e pode vestir-se de cor de rosa.
  • Ọ̀ṣun Osogbò é uma òsun muito jovem e vaidosa, que usa colares de contas de louça amarelo claro.
  • Ọ̀ṣun AYALÁ (a avó, que foi mulher de Ògún )
  • Ọ̀ṣun Ijimu Com estreita ligação com as feiticeiras Iyámi-Ajé, considerada a rainha de todas as Oxuns. Temida pela suas brigas e vinganças
  • Ajagura, outra òsun guerreira que leva espada, jovem, casada com Aganju, rival de Yasan. Representa um tipo semelhante a Apará; Apara parece, porém mais agressiva e orgulhosa.
  • Yèyé odo é a òsun das fontes; talvez seja a mesma que íyá mi Odo ou Iya Nodo, um tipo Yemánjá.
  • Ọ̀ṣun iya omi é a òsun saudada no siré, também idosa. É aquela que faz as perguntas a Esu no jogo divinatório de Ifá.
  • Éwuji uma Ọ̀ṣun maternal e generosa, saudada no pàdé.
  • Como Ọ̀ṣun conseguiu participar das reuniões dos Orixás Masculinos
    Logo que todos os Orixás chegaram à terra, organizavam reuniões das quais mulheres não podiam participar. Ọ̀ṣun, revoltada por não poder participar das reuniões e das deliberações, resolve mostrar seu poder e sua importância tornando estéreis todas as mulheres, secando as fontes, tornando assim a terra improdutiva. Olorum foi procurado pelos Orixás que lhe explicaram que tudo ia mal na terra, apesar de tudo que faziam e deliberavam nas reuniões. Olorum perguntou a eles se Ọ̀ṣun participava das reuniões, foi quando os Orixás lhe disseram que não. Explicou-lhes então, que sem a presença de Ọ̀ṣun e do seu poder sobre a fecundidade, nada iria dar certo. Os Orixás convidaram Ọ̀ṣun para participar de seus trabalhos e reuniões, e depois de muita insistência, Ọ̀ṣun resolve aceitar. Imediatamente as mulheres tornaram-se fecundas e todos os empreendimentos e projetos obtiveram resultados positivos. Ọ̀ṣun é chamada Iyalodê (Iyáláòde), título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante entre as mulheres da cidade.
    Como Ọ̀ṣun criou o Candomblé
    Foi de Ọ̀ṣun a delicada missão dada por Olorum de religar o orum (o céu) ao aiê (a terra) quando da separação destes pela displicência dos homens. Tamanho foi o aborrecimento dos orixás em não poder mais conviver com os humanos que Ọ̀ṣun veio ao aiê (a terra) prepará-los para receber os deuses em seus corpos. Juntou as mulheres, banhou-as com ervas, raspou e adornou suas cabeças com pena de Ecodidé (um pássaro sagrado), enfeitou seus colos com fios de contas coloridas, seus pulsos com idés (pulseiras), enfim as fez belas e prontas para receberem os orixás. E eles vieram. Dançaram e dançaram ao som dos atabaques e xequerês. Para alegria dos orixás e dos humanos estava inventado o Candomblé.
    Ọ̀ṣun é destemida diante das dificuldades enfrentadas pelos seus
    • Ela usa sua sensualidade para salvar sua comunidade da morte. Dança com seus lenços e o mel, seduzindo Ògún até que ele volte a produzir os instrumentos para a agricultura. Assim a cidade fica livre da fome e miséria.
    • Ọ̀ṣun enfrenta o perigo quando Olorum, Deus supremo, ofendido pela rebeldia dos orixás, prende a chuva no orum (Céu), deixando que a seca e a fome se abatam sobre o aiê (a Terra). Transformada em pavão, Ọ̀ṣun voa até o deus maior levando um ebó, para suplicar ajuda. No caminho ela não hesita em repartir os ingredientes da oferenda com o velho Oşàlúfọ́n e as crianças que encontra. Mesmo tornando-se abutre pelo calor do sol, que lhe queima, enegrecendo as penas, ela alcança a casa de Olorum. E consegue seu objetivo pela comoção de Olorum.
    • Òşàlà tem seu cajado jogado ao mar e a perna ferida por Iansã. Ọ̀ṣun vem para ajudar o velho, curando-o e recuperando seu pertence. Ela é adorada por Òşàlà.
    • Com grande compaixão, Ọ̀ṣun intercede junto a Olorum para que ele ressuscite Ọbalúwaìye, em troca do doce mel da bela orixá.
    • E ela garante a vida alheia também ao acolher a princesa Ala, grávida, jogada ao rio por seu pai. Ọ̀ṣun cuida da recém-nascida, a querida Oiá.
    A Riqueza de Ọ̀ṣun
    Com suas jóias, espelhos e roupas finas, Ọ̀ṣun satisfaz seu gosto pelo luxo. Ambiciosa, ela é capaz de geniais estratagemas para conseguir êxito na vida. Vai à frente da casa de Òşàlà e lá começa a fazer escândalo, caluniando-o aos berros, até receber dele a fortuna desejada para então se calar. E assim Ọ̀ṣun torna-se "senhora de tanta riqueza como nenhuma outra Yabá (Orixá feminino) jamais o fora".
    Os Amores de Ọ̀ṣun
    Ọ̀ṣun luta para conquistar o amor de Şàngó e quando o consegue é capaz de gastar toda sua riqueza para manter seu amado.
    Ela livra seu querido Ọ̀ṣọ́ọ̀si do perigo e entrega-lhe riqueza e poder para que se torne Alaketu, o rei da cidade de Ketu.
    Ọ̀ṣun provoca disputa acirrada entre dois irmãos por seu amor: Şàngó e Ògún, ambos guerreiros famosos e poderosos, o tipo preferido por ela. Şàngó é seu marido, mas independente disso, se um dos dois irmãos não a trata bem, o outro se sente no direito de intervir e conquistá-la. Afinal Ọ̀ṣun quer ser amada e todos sabem que ela deve ser tratada como uma rainha, ou seja, com roupas finas, jóias e boa comida, tudo a seu gosto. A beleza é o maior trunfo do orixá do amor. Como esposa de Şàngó, ao lado de Òbá e Oiá, Ọ̀ṣun é a preferida e está sempre atenta para manter-se a mais amada.
    Como Ọ̀ṣun conseguiu o segredo do Jogo de Búzios
    Ọ̀ṣun queria saber o segredo do jogo de búzios que pertencia a Exú e este não queria lhe revelar. Ọ̀ṣun foi procurá-lo. Ao chegar perto do reino de Exú, este desconfiado perguntou-lhe o que queria por ali, que ela deveria embora e que ele não a ensinaria nada. Ela então o desafia a descobrir o que tem entre os dedos. Exú se abaixa para ver melhor e ela sopra sobre seus olhos um pó mágico que ao cair nos olhos de Exú o cega e arde muito. Exú gritava de dor e dizia;
    - Eu não enxergo nada, cadê meus búzios?
    Ọ̀ṣun fingindo preocupação, respondia:
    - Búzios? Quantos são eles?
    - Dezesseis, respondeu Exú, esfregando os olhos.
    - Ah! Achei um, é grande!
    - É Okanran, me dê ele.
    - Achei outro, é menorzinho!
    - É Eta-Ogundá, passa pra cá...
    E assim foi até que ela soube todos os segredos do jogo de búzios, Ifá o Orixá da adivinhação, pela coragem e inteligência da Ọ̀ṣun, resolveu-lhe dar também o poder do jogo e dividí-lo com Exú.
    Conta-nos outra lenda, que para aprender os segredos e mistérios da arte da adivinhação, Ọ̀ṣun, foi procurar Exú. Exú, muito matreiro, falou à Ọ̀ṣun que lhe ensinaria os segredos da adivinhação, mas para tanto, ficaria Ọ̀ṣun sobre os domínios de Exú durante sete anos, passando, lavando e arrumando a casa do mesmo, em troca ele a ensinaria.
    E, assim foi feito, durante sete anos Ọ̀ṣun foi aprendendo a arte da adivinhação que Exú lhe ensinará e conseqüentemente, cumprindo seu acordo de ajudar nos afazeres domésticos na casa de Exú. Findando os sete anos, Ọ̀ṣun e Exú, tinham se apegado bastante pela convivência em comum, e Ọ̀ṣun resolveu ficar em companhia desse Orixá. Em um belo dia, Şàngó que passava pelas propriedades de Exú, avistou aquela linda donzela que penteava seus lindos cabelos a margem de um rio e de pronto agrado, foi declarar sua grande admiração para com Ọ̀ṣun. Foi-se a tal ponto que Şàngó, viu-se completamente apaixonado por aquela linda mulher, e perguntou se não gostaria de morar em sua companhia em seu lindo castelo na cidade de Oyó. Ọ̀ṣun rejeitou o convite, pois lhe fazia muito bem a companhia de Exú. Şàngó então irritado e contrariado, seqüestrou Ọ̀ṣun e levou-a em sua companhia, aprisionando-a na masmorra de seu castelo. Exú, logo de imediato sentiu a falta de sua companheira e saiu a procurar, por todas as regiões, pelos quatro cantos do mundo sua doce pupila de anos de convivência. Chegando nas terras de Şàngó, Exú foi surpreendido por um canto triste e melancólico que vinha da direção do palácio do Rei de Oyó, da mais alta torre. Lá estava Ọ̀ṣun, triste e a chorar por sua prisão e permanência na cidade do Rei. Exú, esperto e matreiro, procurou a ajuda de Ọrúnmilà, que de pronto agrado lhe cedeu uma poção de transformação para Ọ̀ṣun desvencilhar-se dos domínios de Şàngó. Exú, através da magia pode fazer chegar as mãos de sua companheira a tal poção. Ọ̀ṣun tomou de um só gole a poção mágica e transformou-se em uma linda pomba dourada, que voou e pode então retornar em companhia de Exú para sua morada.


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Orixá Òsóòsi

Divindade da caça que vive nas florestas. Seus principais símbolos são o arco e flecha, chamado Ofá, e um rabo de boi chamado Eruexim. Em algumas lendas aparece como irmão de Ògún e de Èşù.
Ọ̀ṣọ́ọ̀si é o rei de Keto, filho de Òşàlà e Yemanjá, ou, nos mitos, filho de Apáòká (jaqueira). É o Orixá da caça; foi um caçador de elefantes, animal associado à realeza e aos antepassados. Diz um mito que Ọ̀ṣọ́ọ̀si encontrou Iansã na floresta, sob a forma de um grande elefante, que se transformou em mulher. Casa com ela tem muitos filhos que são abandonados e criados por Ọ̀ṣun.
Ọ̀ṣọ́ọ̀si vive na floresta, onde moram os espíritos e está relacionado com as árvores e os antepassados. As abelhas pertencem-lhe e representam os espíritos dos antepassados femininos. Relaciona-se com os animais, cujos gritos imitam a perfeição, e caçador valente e ágil, generoso, propicia a caça e protege contra o ataque das feras. Um solitário solteirão, depois que foi abandonado por Iansã e também porque na qualidade de caçador, tem que se afastar das mulheres, pois são nefastas à caça.
Está estreitamente ligado a Ògún, de quem recebeu suas armas de caçador. Ọ̀sónyìn apaixonou-se pela beleza de Ọ̀ṣọ́ọ̀si e prendeu-o na floresta. Ògún consegue penetrar na floresta, com suas armas de ferreiro e libertá-lo. Ele esta associado, ao frio, à noite, à lua; suas plantas são refrescantes.
Em algumas caracterizações, veste-se de azul-turquesa ou de azul e vermelho. Leva um elegante chapéu de abas largas enfeitados de penas de avestruz nas cores azul e branco. Leva dois chifres de touro na cintura, um arco, uma flecha de metal dourado. Sua dança sumula o gesto de atirar flechas para a direita e para a esquerda, o ritmo é "corrido" na qual ele imita o cavaleiro que persegue a caça, deslizando devagar, às vezes pula e gira sobre si mesmo. É uma das danças mais bonitas do Candomblé.
Orixá das matas, seu habitat é a mata fechada, rei da floresta e da caça, sendo caçador domina a fauna e a flora, gera progresso e riqueza ao homem, e a manutenção do sustento, garante a alimentação em abundância, o Orixá Ọ̀ṣọ́ọ̀si está associado ao Orixá Ọ̀sónyìn, que é a divindade das folhas medicinais e ervas usadas nos rituais de umbanda.
Irmão de Ògún, habitualmente associa-se à figura de um caçador, passando a seus filhos algumas das principais características necessárias a essa atividade ao ar livre: concentração, atenção, determinação para atingir os objetivos e uma boa dose de paciência.
Segundo as lendas, participou também de algumas lutas, mas não da mesma maneira marcante que Ògún.
No dia-a-dia, encontramos o deus da caça no almoço, no jantar, enfim em todas as refeições, pois é ele que provê o alimento. Rege a lavoura, a agricultura, permitindo bom plantio e boa colheita para todos.
Segundo Pierre Verger, o culto a Ọ̀ṣọ́ọ̀si é bastante difundido no Brasil, mas praticamente esquecido na África. A hipótese do pesquisador francês é que Ọ̀ṣọ́ọ̀si foi cultuado basicamente no Keto, onde chegou a receber o título de rei. Essa nação, porém foi praticamente destruída no século XIX pelas tropas do então rei do Daomé. Os filhos consagrados a Ọ̀ṣọ́ọ̀si foram vendidos como escravos no Brasil, Antilhas e Cuba. Já no Brasil, o Orixá tem grande prestígio e força popular, além de um grande número de filhos.
O mito do caçador explica sua rápida aceitação no Brasil, pois se identifica com diversos conceitos dos índios brasileiros sobre a mata ser região tipicamente povoada por espíritos de mortos, conceitos igualmente arraigados na Umbanda popular e nos Candomblés de Caboclo, um sincretismo entre os ritos africanos e os dos índios brasileiros, comuns no Norte do País.
Talvez seja por isso que, mesmo em cultos um pouco mais próximos dos ritos tradicionalistas africanos, alguns filhos de Ọ̀ṣọ́ọ̀si o identifiquem não com um negro, como manda a tradição, mas com um Índio.
Ọ̀ṣọ́ọ̀si é o que basta a si mesmo. A ele estiveram ligados alguns Orixás femininos, mas o maior destaque é para Ọ̀ṣun, com quem teria mantido um relacionamento instável, bem identificado no plano sexual, coisa importante tanto para a mãe da água doce como para o caçador, mas difícil no cotidiano, já que enquanto ela representa o luxo e a ostentação, ele é a austeridade e o despojamento.
Qualidades
  • YBUALAMO - É velho e caçador. Come nas águas mais profundas. Conta um mito que Ybualamo é o verdadeiro pai de Logun Edé. Apaixonado por Ọ̀ṣun e vendo-a no fundo do rio, ele atirou-se nas águas mais profundas em busca do seu amor.Sua vestimenta é azul celeste, como suas contas. Come com Omolu Azoani. Usa um capacete feito de palha da costa e um saiote de palha.
  • INLE - É o filho querido de Oxoguian e Yemonja. Veste-se de branco em homenagem a seu pai. Usa chapéu com plumas brancas e azuis claro. É tão amado que Oxoguian usa em suas contas um azul claro de seu filho. Come com seu pai e sua mãe (todos os bichos) e tem fundamento com Ogunjá.
  • DANA DANA - Tem fundamento com Èşù, Ọ̀sónyìn, Oxumará e Ọya. É ele o Òrixá que entra na mata da morte e sai sem temer Egun e a própria morte. Veste azul claro.
  • AKUERERAN - Tem fundamento com Òşùmàrè e Ọ̀sónyìn. Muitas de suas comidas são oferecidas cruas. Ele é o dono da fartura. Ele mora nas profundezas das matas. Veste-se de azul claro e tiras vermelhas. Suas contas são azul claro. Seus bichos são: pavão, papagaio e arara, tiram-se as penas e se solta o bicho.
  • OTYN - Guerreiro e muito parecido com seu irmão Ògún, vive na companhia dele, caçando e lutando. É muito manhoso e não tem caráter fácil. Muito valente este sempre pronto a sacar sua arma quando provocado. Não leva desaforos e castiga seus filhos quando desobedecido. Usa azul claro e o vermelho, conta azul, leva capangas, roupas de couro de leopardo e bode. Tem que se dar comida a Ògún.
  • MUTALAMBO - Tem fundamento com Èşù.
  • GONGOBILA - É um Oxóssi jovem. Tem fundamento com Òşàlà e Ọ̀ṣun.
  • KOIFÉ - Não se faz no Brasil e na África, pois, muitos de seus fundamentos estão extintos. Seus eleitos ficam um ano recolhidos, tomando todos os dias o banho das folhas. Veste vermelho, leva na mão uma espada e uma lança. Come com Ọ̀sónyìn e vive muito escondido dentro das matas, sozinho. Suas contas são azuis claras, usa capangas e braceletes. Usa um capacete que lhe cobre todo o rosto. Assenta-se Koifé e faz-se Ybo, Ynlé ou Ọ̀ṣun Karé; trinta dias após, faz-se toda a matança.
  • AROLÉ - Propicia a caça abundante. É invocado no Padé. É um dos mais belos tipos de Oxóssi. Um verdadeiro rei de Ketu. As pessoas dele são muito antipáticas. Jovem e romântico, gosta de namorar, vive mirando-se nas águas, apreciando sua beleza. Come com Ògún e Ọ̀ṣun. Veste azul claro, aprecia a carne de veado e é ágil na arte de caçar.
  • KARE - É ligado as águas e a Ọ̀ṣun, porém os dois não se dão bem, pois, exercem as mesmas forças e funções. Come com Ọ̀ṣun e Òşàlà. Usa azul e um Banté dourado. Gosta de pentear-se, de perfume e de acarajé. Bom caçador mora sempre perto das fontes.
  • WAWA - Vem da origem dos Òrixás caçadores. Veste-se de azul e branco, usa arco e flecha e os chifres do touro selvagem. Come com Òşàlà e Şàngó, pois, dizem que ele fez sua morada debaixo da gameleira. Está extinto, assenta-se ele e faz-se Airá ou Ọ̀ṣun Karé.
  • WALÈ - É velho e usa contas azuis escuro. É considerado como rei na África, pois, seu culto é ligado, diretamente, a pantera. É muito severo, austero, solteirão e não gosta das mulheres, pois, as acha chatas, falam demais, são vaidosas e fracas. Come com Èşù e Ògún.
  • OSEEWE ou YGBO - É o senhor da floresta, ligado as folhas e a Ọ̀sónyìn, com quem vive nas matas. Veste azul claro e usa capacete quase tapando o seu rosto.
  • OFÀ - Não é qualidade, significa, "o arco e a flecha do caçador, sendo de Oxóssi o seu principal apetrecho".
  • TÁFÀ-TÁFÀ - O caçador arqueiro, aquele que exímio atirador de flechas, é predicado que se diz de Òsóòsì.
  • ERINLÉ - É também um outro Oxóssi, que, a exemplo de Inlè, cujo culto também caiu no obscurantismo, acabando por tornar-se "qualidade de Oxóssi".
  • TOKUERÁN - O caçador é quem mata a caça, diz-se da actuação do caçador.
  • OTOKÁN SÓSÓ - Embora muitas vezes seja citado como uma qualidade, não é qualidade, é um oríkì que significa o caçador que só tem uma flecha . Ele não precisa de mais nenhuma flecha porque jamais erra o alvo. Título que Oxóssi recebeu ao matar o pássaro de Ìyámi Eléye. Não fazendo parte do rol dos caçadores que possuíam várias flechas, Oxóssi era aquele que só tinha uma flecha. Os demais erraram o alvo tantas vezes quantas flechas possuíam, mas, Oxóssi com apenas uma flecha foi o único que acertou o pássaro de Ìyámi, ferindo-o com um tiro certeiro no peito. Por essa razão é que ele não recebe mel, pois o mel é um dos elementos fabricado pelas abelhas, que são tidas como animais pertencentes a Ọ̀ṣun, mas, também às Ìyámi Eléye. Então, é èèwò (proibição) para Oxóssi. Por essa razão também, é que se dá para Oxóssi o peito inteiro das aves, como reminiscência desse ìtàn.

Cantiga de sangô

[link=http://www.musicas-especiais.com][red]Xangô Candomblé (ketu)[/red]
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Qualidades de Ayrá


  • Ayrá Intile - É o filho rebelde de Ọbàtálá. Ayrá Intilé foi um filho muito difícil, causando dissabores a Ọbàtálá. Um dia, Ọbàtálá juntou-se a Odudua e ambos decidiram pregar uma reprimenda em Intilé. Estava Intilé na casa de uma de suas amantes, quando os dois velhos passaram à porta e levaram seu cavalo branco. Ayrá Intilé percebeu o roubo e sabedor que dois velhos o haviam levado seu cavalo predileto, saiu no encalço. Na perseguição encontrou Ọbàtálá e tentou enfrentá-lo. O velho não se fez de rogado, gritou com Intilé, exigindo que se prostrasse diante dele e pedisse sua benção. Pela primeira vez Ayrá Intilé havia se submetido a alguém. Ayrá tinha sempre ao pescoço colares de contas vermelhas. Foi então que Ọbàtálá desfez os colares de Ayrá Intilé e alternou as contas encarnadas com as contas brancas de seus próprios colares. Ọbàtálá entregou a Intilé seu novo colar, vermelho e branco. Daquele dia em diante, toda terra saberia que ele era seu filho. E para terminar o mito, Ọbàtálá fez com que Ayrá Intilé o levasse de volta a seu palácio pelo rio, carregando-o em suas costas. Nesta qualidade, Ayrá Intilé dá a seu devoto um ar altivo e de sabedoria, prepotente, equilibrado, intelectual, severo, moralista, decidido.
  • Ayrá Ibonã - É considerado o pai do fogo, tanto que na maioria dos terreiros, no mês de junho de cada ano, acontece a fogueira de Ayrá, rito em que Ibonã dança acompanhado de Iansã, pisando as brasas incandescentes. Conta o mito que Ibonã foi criado por Dadá, que o mimava em tudo o que podia. Não havia um só desejo de Ibonã que Dadá não realizasse. Um dia Dadá surpreendeu Ibonã brincando com as brasas do fogão, que não lhe causavam nenhum dano. Desde então, em todas as festas do povoado, lá estava Ayrá Ibonã, sempre acompanhado de Iansã, dançando e cantando sobre as brasas escaldantes das fogueiras. Nessa qualidade, os seguidores de Ayrá têm espírito jovem, perigoso, violento, intolerante, mas são brincalhões, alegres, gostam de dançar e cantar.
  • Ayrá Osi - É o eterno companheiro de Oşoguian. Um dia, passando Oşoguian pelas terras onde vivia Ayrá Osi, despertou no jovem grande entusiasmo por seu porte de guerreiro e vencedor de batalhas. Sem que Oşoguian se desse conta, Ayrá trocou suas vestes vermelhas pelas brancas dos guerreiros de Oşoguian, misturando-se aos soldados do rei de Ejibô. No caminho encontraram inimigos ao que Osi, medroso que era, escondeu-se atrás de uma grande pedra. Oşoguian observava a disputa do alto de um monte, esperando o momento certo de entrar nela, mas, para sua surpresa, percebeu que um de seus soldados estava de cócoras, escondido atrás da pedra. Sorrateiramente Oşoguian interpelou seu soldado e para sua surpresa deparou-se com Ayrá que chorava de medo, implorando seu perdão, por haver enganado o grande guerreiro branco. Oşoguian, por sua bondade e sabedoria, compadeceu-se de Ayrá Osi. No entanto, como punição pela mentira de Ayrá, decidiu que naquele mesmo dia o jovem voltaria à sua terra natal vestindo-se de branco e nunca mais usaria o escarlate, devendo dedicar-se a arte da guerra para poder seguir com ele em suas eternas batalhas. Os filhos de Ayrá Osi são considerados jovens guerreiros, lutam pelo que querem, mas as vezes deixam-se enganar pela impetuosidade. São calmos, não tidos a trabalhos intelectuais, são amorosos, alegres e sentimentais. São muitas as invocações ou qualidades de Şàngó, que, como vimos, se juntam às outras tantas de Ayrá. Em diferentes países e regiões da diáspora africana em que a religião dos orixás sobreviveu e prosperou, há diferentes variantes das qualidades dos orixás, pois cada grupo, geograficamente isolado, ao longo do tempo, acabou por selecionar esta ou aquela passagem mítica do orixá. Muitas foram esquecidas, outras ganharam novos significados. Cada qualidade é representada por diferentes cores e outros atributos, de modo que, pelas vestes, contas e ferramentas, ritmos e danças, é possível identificar a qualidade que está sendo festejada, principalmente no barracão de festas dos terreiros. Não só por esses aspectos, mas também pelas oferendas votivas e pelos animais que são sacrificados em favor da divindade.

Orixá sangô


Mitologia Yoruba
Şàngó é o Orixá do fogo, da justiça e do trovão, traz um machado na mão para julgar os atos dos humanos, este é um dos principais Orixás, muito lembrado na Umbanda e no Candomblé. Como personagem histórico, Şàngó teria sido o terceiro Aláàfìn Òyó, "Rei de Oyo", filho de Oranian e Torosi, a filha de Elempê, rei dos tapás, aquele que havia firmado uma aliança com Oranian. orixá dos raios, trovões, grandes cargas elétricas e do fogo. É viril e atrevido, violento e justiceiro; castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Por esse motivo, a morte pelo raio é considerada infamante. Da mesma forma, uma casa atingida por um raio é uma casa marcada pela cólera de Şàngó.
Ọba é palavra da língua Yoruba que designa rei. Ọba é também um dos epítetos do orixá Şàngó (em Yoruba Şàngó)(não confundir Obá, rei, soberano ( oba ), com o orixá Obá ( Òbà), que é uma das esposas de Şàngó). Segundo a mitologia, Şàngó teria sido o quarto rei da cidade de Oyó, que foi o mais poderoso dos impérios Yorubas. Depois de sua morte, Şàngó foi divinizado, como era comum acontecer com os grandes reis e heróis daquele tempo e lugar, e seu culto passou a ser o mais importante da sua cidade, a ponto de o rei de Oyó, a partir daí, ser o seu primeiro sacerdote.
Não existem registros históricos da vida de Şàngó na Terra, pois os povos africanos tradicionais não conheciam a escrita, mas o conhecimento do passado pode ser buscado nos mitos, transmitidos oralmente de geração a geração. Assim, a mitologia nos conta a história de Şàngó, que começa com o surgimento dos povos Yorubas e sua primeira capital, Ilê-Ifé, fala da fundação de Oyó e narra os momentos cruciais da vida de Şàngó:
Num tempo muito antigo, na África, houve um guerreiro chamado Odudua, que vinha de uma cidade do Leste, e que invadiu com seu exército a capital de um povo então chamado ifé. Quando Odudua se tornou seu governante, essa cidade foi chamada Ilê-Ifé. Odudua teve um filho chamado Acambi, e Acambi teve sete filhos, e seus filhos ou netos foram reis de cidades importantes. A primeira filha deu-lhe um neto que governou Egbá, a segunda foi mãe do Alaqueto, o rei de Queto, o terceiro filho foi coroado rei da cidade de Benim, o quarto foi Orungã, que veio a ser rei de Ifé, o quinto filho foi soberano de Xabes, o sexto, rei de Popôs, e o sétimo foi Oraniã, que foi rei da cidade Oyó, mais tarde governada por Şàngó.
Esses príncipes governavam as cidades que mais tarde foram conhecidas como os reinos que formam a terra dos Yorubas, e todos pagavam tributos e homenagens a Odudua. Quando Odudua morreu, os príncipes fizeram a partilha dos seus domínios, e Acambi ficou como regente do reino de Odudua até sua morte, embora nunca tenha sido coroado rei. Com a morte de Acambi, foi feito rei Oraniã, o mais jovem dos príncipes do império, que tinha se tornado um homem rico e poderoso. O obá Oraniã foi um grande conquistador e consolidou o poderio de sua cidade.
Um dia Oraniã levou seus exércitos para combater um povo que habitava uma região a leste do império. Era uma guerra muito difícil, e o oráculo o aconselhou a ficar acampado com os seus guerreiros num determinado sítio por um certo tempo antes de continuar a guerra, pois ali ele haveria de muito prosperar. Assim foi feito e aquele acampamento a leste de Ifé tornou-se uma cidade poderosa. Essa próspera povoação foi chamada cidade de Oyó e veio a ser a grande capital do império fundado por Odudua. O rei de Oyó tinha por título Alafim, termo que quer dizer o Senhor do Palácio de Oyó.
Com a morte de Oraniã, seu filho Ajacá foi coroado terceiro Aláàfìn de Oyó. Ajacá, que tinha o apelido de Dadá, por ter nascido com o cabelo comprido e encaracolado, era um homem pacato e sensível, com pouca habilidade para a guerra e nenhum tino para governar. Dadá-Ajacá tinha um irmão que fora criado na terra dos nupes, também chamados tapas, um povo vizinho dos Yorubas. Era filho de Oraniã com a princesa Iamassê, embora haja quem diga que a mãe dele foi Torossi, filha de Elempê, o rei dos nupes. Esse filho de Oraniã tinha o nome Şàngó, e era o grande guerreiro que governava Cossô, pequena cidade localizada nas cercanias da capital Oyó.
Şàngó um dia destronou o irmão Ajacá-Dadá, e o exilou como rei de uma pequena e distante cidade, onde usava uma pequena coroa de búzios, chamada coroa de Baiani.
Şàngó foi assim coroado o quarto Alafim de Oyó, o obá da capital de todas as grandes cidades Yorubas.
Şàngó procurava a melhor forma de governar e de aumentar seu prestígio junto ao seu povo. Conta-se que, para fortalecer seu poder, Şàngó mandou trazer da terra dos baribas um composto mágico, que acabaria, contudo, sendo sua perdição. O rei Şàngó, que depois seria conhecido pelo cognome de o Trovão, sempre procurava descobrir novas armas para com elas conquistar novos territórios. Quando não fazia a guerra, cuidava de seu povo. No palácio recebia a todos e julgava suas pendências, resolvendo disputas, fazendo justiça. Nunca se quietava. Pois um dia mandou sua esposa Iansã ir ao reino vizinho dos baribas e de lá trazer para ele a tal poção mágica, a respeito da qual ouvira contar maravilhas. Iansã foi e encontrou a mistura mágica, que tratou de transportar numa cabacinha.
A viagem de volta era longa, e a curiosidade de Iansã sem medida. Num certo momento, ela provou da poção e achou o gosto ruim. Quando cuspiu o gole que tomara, entendeu o poder do poderoso líquido: Iansã cuspiu fogo!
Şàngó ficou entusiasmadíssimo com a nova descoberta. Se ele já era o mais poderoso dos homens, imaginem agora, que tinha a capacidade de botar fogo pela boca. Que inimigo resistiria? Que povo não se submeteria? Şàngó então passou a testar diferentes maneiras de usar melhor a nova arte, que certamente exigia perícia e precisão.
Num desses dias, o obá de Oyó subiu a uma elevação, levando a cabacinha mágica, e lá do alto começou a lançar seus assombrosos jatos de fogo. Os disparos incandescentes atingiam a terra chamuscando árvores, incendiando pastagens, fulminando animais. O povo, amedrontado, chamou aquilo de raio. Da fornalha da boca de Şàngó, o fogo que jorrava provocava as mais impressionantes explosões. De longe, o povo escutava os ruídos assustadores, que acompanhavam as labaredas expelidas por Şàngó. Aquele barulho intenso, aquele estrondo fenomenal, que a todos atemorizava e fazia correr, o povo chamou de trovão.
Mas, pobre Şàngó, a sorte foi-lhe ingrata. Num daqueles exercícios com a nova arma, o obá errou a pontaria e incendiou seu próprio palácio. Do palácio, o fogo se propagou de telhado em telhado, queimando todas as casas da cidade. Em minutos, a orgulhosa cidade de Oyó virou cinzas.
Passado o incêndio, os conselheiros do reino se reuniram, e eviaram o ministro Gbaca, um dos mais valentes generais do reino, para destituir Şàngó.
Gbaca chamou Şàngó à luta e o venceu, humilhou Şàngó e o expulsou da cidade. Para manter-se digno, Şàngó foi obrigado a cometer suicídio. Era esse o costume antigo. Se uma desgraça se abatia sobre o reino, o rei era sempre considerado o culpado. Os ministros lhe tiravam a coroa e o obrigavam a tirar a própria vida.
Cumprindo a sentença imposta pela tradição, Şàngó se retirou para a floresta e numa árvore se enforcou.
Ọba so!Ọba so!
O rei se enforcou!, correu a notícia.
Mas ninguém encontrou seu corpo e logo correu a notícia, alimentada com fervor pelos seus partidários, que Şàngó tinha sido transformado num orixá. O rei tinha ido para o Orum, o céu dos orixás. Por todas as partes do império os seguidores de Şàngó proclamavam:
Ọba ko so!, que quer dizer O rei não se enforcou!
Ọba ko so!Ọba ko so!.
Desde então, quando troa o trovão e o relâmpago risca o céu, os sacerdotes de Şàngó entoam:O rei não se enforcou!Ọba ko so! Obá Kossô! O rei não se enforcou.

Ayrá não é sangó!

AYRÁ NÃO É SÀNGÒ:

AYRÀ é o irmão mais novo de SÀNGÒ, 

OSÀLÚFÓN deu-lhe o título de seu primeiro ministro, 
fazendo dele seu mais fiel amigo, companheiro de guerra e fiel amigo de OSÒGUIAN, 
motivo pelo qual AYRÀ come diferente de SÀNGÓ. 
Esú deu o poder do fogo á AYRÀ, o verdadeiro dono da fogueira, 
como guerreiro AYRÁ desafiou SÁNGÓ pelo reinado de OYÓ e saiu vitorioso, 
AYRÁ REI DE OYÓ E GRANDE REI DE SAVÉ.
ALGUMAS DIFERENÇAS DE AYRÀ E SÀNGÒ:
AYRÀ é o dono da justiça própria 
SÀNGÓ é o dono da justiça .
AYRÀ sua comida é o OBÈGÍRÌ.
SÁNGÒ sua comida e o ÀMALÀ.
AYRÀ responde em 6 OBÀRÀ.
SÀNGO responde em 12 ÉJI LASÉBORÁ.

SÁNGO sua saudação é KAO KABECYLÉ.

Ayra
AYRÁ tem saudação própria AYRÁ MALÉ.