quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Orixá sangô


Mitologia Yoruba
Şàngó é o Orixá do fogo, da justiça e do trovão, traz um machado na mão para julgar os atos dos humanos, este é um dos principais Orixás, muito lembrado na Umbanda e no Candomblé. Como personagem histórico, Şàngó teria sido o terceiro Aláàfìn Òyó, "Rei de Oyo", filho de Oranian e Torosi, a filha de Elempê, rei dos tapás, aquele que havia firmado uma aliança com Oranian. orixá dos raios, trovões, grandes cargas elétricas e do fogo. É viril e atrevido, violento e justiceiro; castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Por esse motivo, a morte pelo raio é considerada infamante. Da mesma forma, uma casa atingida por um raio é uma casa marcada pela cólera de Şàngó.
Ọba é palavra da língua Yoruba que designa rei. Ọba é também um dos epítetos do orixá Şàngó (em Yoruba Şàngó)(não confundir Obá, rei, soberano ( oba ), com o orixá Obá ( Òbà), que é uma das esposas de Şàngó). Segundo a mitologia, Şàngó teria sido o quarto rei da cidade de Oyó, que foi o mais poderoso dos impérios Yorubas. Depois de sua morte, Şàngó foi divinizado, como era comum acontecer com os grandes reis e heróis daquele tempo e lugar, e seu culto passou a ser o mais importante da sua cidade, a ponto de o rei de Oyó, a partir daí, ser o seu primeiro sacerdote.
Não existem registros históricos da vida de Şàngó na Terra, pois os povos africanos tradicionais não conheciam a escrita, mas o conhecimento do passado pode ser buscado nos mitos, transmitidos oralmente de geração a geração. Assim, a mitologia nos conta a história de Şàngó, que começa com o surgimento dos povos Yorubas e sua primeira capital, Ilê-Ifé, fala da fundação de Oyó e narra os momentos cruciais da vida de Şàngó:
Num tempo muito antigo, na África, houve um guerreiro chamado Odudua, que vinha de uma cidade do Leste, e que invadiu com seu exército a capital de um povo então chamado ifé. Quando Odudua se tornou seu governante, essa cidade foi chamada Ilê-Ifé. Odudua teve um filho chamado Acambi, e Acambi teve sete filhos, e seus filhos ou netos foram reis de cidades importantes. A primeira filha deu-lhe um neto que governou Egbá, a segunda foi mãe do Alaqueto, o rei de Queto, o terceiro filho foi coroado rei da cidade de Benim, o quarto foi Orungã, que veio a ser rei de Ifé, o quinto filho foi soberano de Xabes, o sexto, rei de Popôs, e o sétimo foi Oraniã, que foi rei da cidade Oyó, mais tarde governada por Şàngó.
Esses príncipes governavam as cidades que mais tarde foram conhecidas como os reinos que formam a terra dos Yorubas, e todos pagavam tributos e homenagens a Odudua. Quando Odudua morreu, os príncipes fizeram a partilha dos seus domínios, e Acambi ficou como regente do reino de Odudua até sua morte, embora nunca tenha sido coroado rei. Com a morte de Acambi, foi feito rei Oraniã, o mais jovem dos príncipes do império, que tinha se tornado um homem rico e poderoso. O obá Oraniã foi um grande conquistador e consolidou o poderio de sua cidade.
Um dia Oraniã levou seus exércitos para combater um povo que habitava uma região a leste do império. Era uma guerra muito difícil, e o oráculo o aconselhou a ficar acampado com os seus guerreiros num determinado sítio por um certo tempo antes de continuar a guerra, pois ali ele haveria de muito prosperar. Assim foi feito e aquele acampamento a leste de Ifé tornou-se uma cidade poderosa. Essa próspera povoação foi chamada cidade de Oyó e veio a ser a grande capital do império fundado por Odudua. O rei de Oyó tinha por título Alafim, termo que quer dizer o Senhor do Palácio de Oyó.
Com a morte de Oraniã, seu filho Ajacá foi coroado terceiro Aláàfìn de Oyó. Ajacá, que tinha o apelido de Dadá, por ter nascido com o cabelo comprido e encaracolado, era um homem pacato e sensível, com pouca habilidade para a guerra e nenhum tino para governar. Dadá-Ajacá tinha um irmão que fora criado na terra dos nupes, também chamados tapas, um povo vizinho dos Yorubas. Era filho de Oraniã com a princesa Iamassê, embora haja quem diga que a mãe dele foi Torossi, filha de Elempê, o rei dos nupes. Esse filho de Oraniã tinha o nome Şàngó, e era o grande guerreiro que governava Cossô, pequena cidade localizada nas cercanias da capital Oyó.
Şàngó um dia destronou o irmão Ajacá-Dadá, e o exilou como rei de uma pequena e distante cidade, onde usava uma pequena coroa de búzios, chamada coroa de Baiani.
Şàngó foi assim coroado o quarto Alafim de Oyó, o obá da capital de todas as grandes cidades Yorubas.
Şàngó procurava a melhor forma de governar e de aumentar seu prestígio junto ao seu povo. Conta-se que, para fortalecer seu poder, Şàngó mandou trazer da terra dos baribas um composto mágico, que acabaria, contudo, sendo sua perdição. O rei Şàngó, que depois seria conhecido pelo cognome de o Trovão, sempre procurava descobrir novas armas para com elas conquistar novos territórios. Quando não fazia a guerra, cuidava de seu povo. No palácio recebia a todos e julgava suas pendências, resolvendo disputas, fazendo justiça. Nunca se quietava. Pois um dia mandou sua esposa Iansã ir ao reino vizinho dos baribas e de lá trazer para ele a tal poção mágica, a respeito da qual ouvira contar maravilhas. Iansã foi e encontrou a mistura mágica, que tratou de transportar numa cabacinha.
A viagem de volta era longa, e a curiosidade de Iansã sem medida. Num certo momento, ela provou da poção e achou o gosto ruim. Quando cuspiu o gole que tomara, entendeu o poder do poderoso líquido: Iansã cuspiu fogo!
Şàngó ficou entusiasmadíssimo com a nova descoberta. Se ele já era o mais poderoso dos homens, imaginem agora, que tinha a capacidade de botar fogo pela boca. Que inimigo resistiria? Que povo não se submeteria? Şàngó então passou a testar diferentes maneiras de usar melhor a nova arte, que certamente exigia perícia e precisão.
Num desses dias, o obá de Oyó subiu a uma elevação, levando a cabacinha mágica, e lá do alto começou a lançar seus assombrosos jatos de fogo. Os disparos incandescentes atingiam a terra chamuscando árvores, incendiando pastagens, fulminando animais. O povo, amedrontado, chamou aquilo de raio. Da fornalha da boca de Şàngó, o fogo que jorrava provocava as mais impressionantes explosões. De longe, o povo escutava os ruídos assustadores, que acompanhavam as labaredas expelidas por Şàngó. Aquele barulho intenso, aquele estrondo fenomenal, que a todos atemorizava e fazia correr, o povo chamou de trovão.
Mas, pobre Şàngó, a sorte foi-lhe ingrata. Num daqueles exercícios com a nova arma, o obá errou a pontaria e incendiou seu próprio palácio. Do palácio, o fogo se propagou de telhado em telhado, queimando todas as casas da cidade. Em minutos, a orgulhosa cidade de Oyó virou cinzas.
Passado o incêndio, os conselheiros do reino se reuniram, e eviaram o ministro Gbaca, um dos mais valentes generais do reino, para destituir Şàngó.
Gbaca chamou Şàngó à luta e o venceu, humilhou Şàngó e o expulsou da cidade. Para manter-se digno, Şàngó foi obrigado a cometer suicídio. Era esse o costume antigo. Se uma desgraça se abatia sobre o reino, o rei era sempre considerado o culpado. Os ministros lhe tiravam a coroa e o obrigavam a tirar a própria vida.
Cumprindo a sentença imposta pela tradição, Şàngó se retirou para a floresta e numa árvore se enforcou.
Ọba so!Ọba so!
O rei se enforcou!, correu a notícia.
Mas ninguém encontrou seu corpo e logo correu a notícia, alimentada com fervor pelos seus partidários, que Şàngó tinha sido transformado num orixá. O rei tinha ido para o Orum, o céu dos orixás. Por todas as partes do império os seguidores de Şàngó proclamavam:
Ọba ko so!, que quer dizer O rei não se enforcou!
Ọba ko so!Ọba ko so!.
Desde então, quando troa o trovão e o relâmpago risca o céu, os sacerdotes de Şàngó entoam:O rei não se enforcou!Ọba ko so! Obá Kossô! O rei não se enforcou.

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